Paulo Lira[1]
A
economia gomífera na Amazônia dividiu-se em dois grandes ciclos. O primeiro
ocorreu entre o período de (1870-1910) onde devido à grande quantidade de
seringais nativos na região Amazônica, estendendo-se do Acre até o Amazonas. A
produção de borracha tornou-se a principal atividade econômica da região, contudo, o sistema implantado para a extração da borracha castigava os
trabalhadores dos seringais e a própria região. Pois devido à falta de Capital
regional (o que acontece ATÉ HOJE) criou-se o “Sistema de Aviamento”.
Segundo
Antônia Terezinha [2] “esse sistema era uma rede de fornecimentos que começava com
os bancos estrangeiros financiadores, os quais forneciam créditos às casas
exportadoras e aos seringalistas. Estes últimos controlavam e mantinham
funcionando áreas de extração de borracha Nativa. Esse sistema de Aviamento
permitiu que a extração gomífera propiciasse muitas riquezas aos seringalistas, e as casas aviadoras internacionais, mas submeteu o seringueiro (o principal
agente produtor da borracha) a uma total
dependência sócio - econômica, uma vez que impediu a cultura de subsistência,
colocando a mercê do barracão através do debito gradativo com o aviador, isto
porque “ como ele era comprador exclusivo, o preço que fixava para adquirir as
bolsas de borracha era muito baixo. Em compensação, os preços dos produtos “que aviava” ao seringueiro, traziam
embutidos lucros exorbitantes e, do encontro das contas entre os produtos
fornecidos e a produção comprada, pouco ou nada restava nas mãos do seringueiro,
que se via desta forma, totalmente prisioneiro do sistema”
Infelizmente
esse sistema de trabalho escravizava os seringueiros, levando-os a uma
condição eterna de dominação. E por incrível que pareça até mesmo os
Estados sofreram com o sistema
implantado nesse período, pois apesar da grande riqueza gerada pela borracha,
esta economia não trouxe um crescimento permanente para região fazendo da
região somente uma área de extração de recursos, sem, contudo, permitir o seu
desenvolvimento de fato. Veja no quadro
que mostra a receita* dos estados a partir do fim do primeiro ciclo da borracha,
provando que não basta um ciclo econômico, ou uma grande riqueza e recursos
naturais para que de fato ocorra um desenvolvimento e prosperidade em uma
região,
Estados
|
1910
|
1915
|
1920
|
Pará
|
20.255
|
8.887
|
8.517
|
Amazonas
|
18.069
|
7.428
|
5.888
|
Acre
|
19.868
|
5.610
|
* Receita em Contos
Apesar
da grande riqueza gerada pela produção gomífera, em 1914 a economia de borracha
decaiu totalmente, devido à queda de preços e a concorrência das colônias inglesas e holandesas na Ásia. Logo após a primeira guerra mundial surge o
Segundo Ciclo da borracha este se inicia com a tentativa dos ingleses em
aumentar o preço da borracha com a estratégia de estabelecer um limite para a
produção de borracha dos produtores ingleses forçando o aumento do preço da
borracha. Essa estratégia afetou negativamente os industriais americanos e
europeus. Nesse contexto como tentativa de livrar-se do monopólio Inglês Henry
Ford começa experiência da plantação ordenada de seringueiras em Fordlândia e
posteriormente em Belterra, através da Companhia Ford Industrial no Brasil. O
objetivo do dono da Companhia Ford, líder na indústria automobilística nos
Estados Unidos, era implantar um cultivo racional de seringueiras na Amazônia,
transformando-a na maior produtora de borracha natural do mundo.
A
primeira tentativa de implantar uma produção ordenada de seringa fracassou por
vários motivos em Fordlândia então em 1934 a comissão administrativa da Ford,
conseguiu do Interventor Magalhães Barata, autorização para permutar uma área
de Fordlândia, por outra de igual superfície medindo 281.500 hectares
que se constitui a Vila de Belterra. Em Belterra a Companhia Ford desmatou oito
mil hectares, plantou 3,2 milhões de pés de seringueiras, construiu mais de 300
casas, hospital, oficinas, escolas, serviço de água, luz e esgoto, instalações
industriais. Continua......
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[1] Estudante de Direito da Universidade Federal do Oeste do Pará, e integrante do Projeto Educação Básica: Direito Humano e Capital Social na Amazônia Paraense.
[2] Dos Santos Amorim, Antonia Terezinha. A dominação norte americana no Tapajós: A companhia Ford Industrial do Brasil.
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